sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ter dois filhos faz bem ao coração

In "Correio da Manhã":

A saúde cardiovascular nas mulheres está relacionada com o número de filhos. A conclusão é de um estudo divulgado pelo ‘American Heart Journal', que refere que ter dois filhos é bom para o coração.

A análise, realizada na Suécia, concluiu que de um total de 1,3 milhões de mulheres que tinham mais de 50 anos, as que tinham dois filhos apresentavam menos problemas cardíacos. Além disso, as que não tiveram bebés ou apenas um apresentavam dez por cento de mais possibilidades de virem a sofrer do coração ou de enfartes.
Mas se se pensa que quantidade quer dizer qualidade, a mesma análise, que impressionou os especialistas pela dimensão considerável da amostra, refere que as mulheres com quatro filhos aumentavam os riscos cardíacos até 30 por cento. No caso das mães com cinco ou mais crianças a percentagem chega a subir até aos 60%.
Os investigadores consideram então que a gravidez pressupõe fluxos sanguíneos importantes para a mulher.

imagedownload Gravidez pressupõe importantes mudanças no fluxo sanguíneo

Homens infelizes sofrem mais AVC

In "Correio da Manhã":

Um estudo norte-americano concluiu que os homens solteiros ou infelizes com o casamento têm uma maior probabilidade de sofrer um derrame cerebral, um AVC.

As conclusões do estudo foram apresentadas na passada quarta-feira numa conferência internacional organizada pela Associação Americana de Derrames Cerebrais.

Os investigadores avaliaram informações recolhidas a mais de 10 mil homens há 50 anos atrás sobre doenças cardiovasculares, cruzaram-nas com dados mais recentes e concluíram que o risco de sofrer um AVC aumenta em 64 por cento nos solteiros e nos homens casados que se dizem infelizes com o matrimónio, segundo o site ‘G1’.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sesta repara espaço de memória

In "DN - Ciência":

ng1258985 Período de sono da tarde esvazia o armazém cerebral temporário e melhora capacidade de aprendizagem

O senso comum sabe-o há muito: uma boa sesta de uma hora e pouco a seguir ao almoço refresca as ideias e faz bem à saúde. Mas os cientistas confirmaram agora experimentalmente que esse período de sono a meio do dia melhora as capacidades cognitivas e perceberam porque que é que isso acontece. O sono é essencial para esvaziar o armazém cerebral temporário das memórias e assim arranjar espaço para novas aprendizagens. Esta foi uma novidade apresentada ontem na conferência anual da American Association for the Advancement of Science (AAAS), que está a decorrer em San Diego, na Califórnia.
"O sono tem efeitos reparado-res após um período prolongado de vigília, mas melhora também as capacidades neurocognitivas, em relação àquilo que elas eram antes da sesta", explicou Matthew Walker, professor e investigador de psicologia na Universidade de Berkeley, e o principal autor do estudo.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores avaliaram um total de 39 jovens adultos, que dividiram em dois grupos: um com direito a sesta, o outro não. Ao meio--dia, todos os voluntários eram sujeitos a vários exercícios cognitivos, cujo objectivo era estimular o hipocampo, uma região do cérebro envolvida no armazenamento de informações temporárias. Aí, ambos os grupos exibiram desempenhos idênticos. Duas horas depois, o grupo da sesta era autorizado a dormir durante hora e meia, enquanto os outros ficavam acordados. Às 18.00, todos voltavam aos exercícios cognitivos, que consistiam na memorização de uma quantidade de informações.
Os desempenhos de ambos os grupos foram significativamente diferentes, verificaram os cientistas. Os que não dormiram tiveram resultados inferiores aos que tinham obtido nos primeiros exercícios do meio-dia (e aos do outro grupo) e os da sesta melhoraram em média o seu desempenho em relação aos mesmos exercícios.
O grupo de Matthew Walker já tinha descoberto em 2007 que o hipocampo é o local no cérebro onde as informações são armazenadas temporariamente antes de serem enviadas para o córtex pré--frontal, onde parece haver mais espaço de memória. Agora o grupo deu mais um passo no conhecimento deste processo, ao descobrir que esta transferência de informações se faz exactamente durante o sono.
"É como se a inbox dos e-mails, o hipocampo, estivesse cheia. Enquanto não se dormir para a limpar, não se recebem mais e-mails. Eles voltam para trás até que o sono permita que eles sejam transferidos para outro folder", exemplificou Matthew Walker.
Justamente, o que o estudo do seu grupo agora revelou foi que esta transferência de memórias entre o hipocampo e o córtex pré--frontal se faz durante o sono, e numa fase muito específica, a fase 2 NREM (não REM), que ocorre entre o sono profundo (também não REM) e a fase REM (papid eye movement), durante a qual ocorrem os sonhos. Desconhecia-se até agora que função teria esta fase 2 NREM do sono, mas o estudo de Matthew Walker tornou claro que ela serve pelo menos para esta limpeza do hipocampo, para libertar espaço de memória temporária no cérebro.
A equipa pretende agora averiguar se existe alguma relação entre a progressiva perda de memória ligada à idade e a diminuição média de horas de sono experimentada também pelas pessoas idosas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Melhor do que atenção, a felicidade das crianças está na boa relação dos pais

In "DN":

Os pais sonham com filhos bem sucedidos e felizes. Por isso, investem dinheiro e atenção na sua educação, inscrevendo-os em todo o tipo de actividades e controlando todos os seus passos. Mas, para atingir esse objectivo, devem passar menos tempo a tentar ser os pais perfeitos e investir mais no próprio casamento. Uma tarefa que pode ser difícil para as mães portuguesas, que os especialistas consideram excessivamente protectoras.

A tese de deixar os filhos em segundo lugar é defendida pelo terapeuta norte-americano David Code, no livro To Raise Happy Kids, Put Your Marriage First (Para Educar Crianças Felizes, Ponha o Seu Casamento em Primeiro Lugar, tradução livre em português). E é também apoiada pelos especialistas portugueses. O psicólogo Eduardo Sá alerta que os pais portugueses estão a "criar uma geração de imunodepressivos". Pois, hoje em dia, "as crianças já não brincam na rua, não comem fruta das árvores e não têm experiências", acrescenta. Por isso, o especialista lembra que "proteger não significa proteger de mais". A mesma opinião é defendida pelo terapeuta Rui Ferreira Nunes, que considera "mais prejudicial a sobreprotecção do que ausência pontual dos pais". Considerando mesmo que a influência das mães muito zelosas, como as portuguesas, "tem consequências muito negativas".

Outro problema é que muitas vezes, para dar atenção aos filhos, os pais esquecem-se da sua relação. Daí que os especialistas portugueses também chamem a atenção para a necessidade do casal investir em si. "É importante que os filhos saibam que os pais têm uma relação saudável ao mesmo nível da que têm com eles", refere Eduardo Sá.

Enquanto Rui Ferreira Nunes realça o efeito desse exemplo nas crianças. Já que "a imagem de afecto dos pais vai ser o modelo de relação na sua vida futura, tanto nas relações de trabalho como amorosas", entende.

O excesso de protecção e atenção que os pais dão aos filhos determina os seus comportamentos no futuro. Assim, não são estranhas as birras que muitos adultos fazem. "Quando as coisas não correm bem vemos adultos a fazerem birra ou a amuar", refere Rui Ferreira Nunes. Estas atitudes mostram que "foram crianças muito mimadas", acrescenta.

Além de que as pessoas que estão habituadas a ter sempre o que querem são mais dependentes e "menos consequentes no seu comportamento". Ou seja, "não prevêem o impacto que o seu comportamento tem nos outros", alerta o psicoterapeuta.

Menos convictos dos efeitos do excesso de protecção estão os pediatras Gomes Pedro e Luís Januário. O presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria entende que a protecção excessiva das crianças deve-se ao facto das famílias serem mais pequenas. Já Gomes Pedro considera que o bom senso deve imperar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Amor é coisa que não se recebe: uma visão radical sobre a dinâmica dos relacionamentos

In "Não Dois, Não Um: um blog sobre relacionamentos lúcidos":

“She understands that she will never receive enough love from a relationship nor from her self-acceptance. She has realized that when she wants to feel love, all she needs to do is give love. In fact, that is the only time she feels love – when she is loving.”

“Ela compreende que ela nunca receberá amor suficiente de um relacionamento nem de sua auto-aceitação. Ela descobriu que quando deseja sentir amor, tudo o que ela precisa fazer é dar amor. De fato, esse é o único momento em que ela sente amor – quando está amando.” [tradução livre]

David Deida, Intimate Communion

 

No fim, ela acabou traindo o cara. Passou os últimos meses morando com um e se apaixonando por outro. No dia da mudança, eles conversaram com mais calma, deitados na dor um do outro. Ele declarou seu amor, disse que era louco por ela, que tinha perdoado a traição, que sequer via tudo como traição. Tarde demais: ela já estava no meio de outra história. Ao ouvi-lo sobre seu amor, confessou: “Eu não sabia de nada disso! Por que você não me agarrou antes? Por que não me disse todo dia, por que não se declarou completamente olhando nos meus olhos?”.

Ele surpreso com a reação e ela continuou: “Eu via você fechado, mal, calado. Pensei que não me amava mais. Então segui com minha vida”. É como se ela estivesse dizendo: “Se soubesse que você me amava, eu não teria feito nada disso”. Mais ainda: “Como parei de sentir seu amor, deixei de amá-lo. Tivesse você me amado, eu teria amado você também. Antes de ir embora, ela ainda admitiu: “Eu quero casar e vou casar com quem me amar”.

Eu queria não saber descrever essa história. Queria que ela fosse raridade, um caso exótico apresentado em um noticiário que ninguém assiste. Queria que ela não estivesse ao nosso redor, ou melhor, tão dentro de nós. Queria que não fosse a nossa história.

O desejo de ser amado, a ânsia de ser visto, tocado, adorado. Alguém passa por perto e imaginamos como seria se tivesse curiosidade e interesse por nós, se quisesse saber tudo sobre nós. O desejo de ser desejado. Será que consigo deixar alguém excitado, será que consigo fazer algum olho brilhar por mim? Até que alguém enfim esbarra em nós e vem com desejo, curiosidade e acolhimento. Por sermos tocados, queremos tocar. Por sermos desejados, desejamos. Ao nos sentirmos amados, amamos. Será? A carência é sábia feiticeira. Será mesmo que o amor é essa coisa passiva? “Vou casar com quem me amar”…

Se só abraçamos quem nos abraça, nunca saberemos qual a textura de nosso abraço, nunca saberemos de fato o que é abraçar. O abraço pelo qual levantamos e vamos até o outro, esse não morre, não cessa, ainda que o outro solte os braços e nos abandone. A potência de abraçar é o que importa e é por ela que sentimos um abraço, não pelo corpo exterior que nos retribui ou nos larga. Tal é a diferença entre felicidade autêntica e prazer temporário: se sentimos nossa incessante capacidade de abraçar ou se somos reféns dos braços do outro.

Eu posso estar louco, mas confesso que nunca me senti amado. Nunca senti o amor vindo de fora, de nenhuma direção: família, namoradas, amigos. Deles já senti afeto, cuidado, paixão, carinho, tudo. Mas amor? Amor é essa coisa outra.

Quando amo, quando sinto o amor circular dentro de mim, é sempre como um gesto, uma ação, algo que faço em todas as direções, de dentro para fora. Respiração, abertura, repouso. Entrega. Sentir tudo me percorrer e conseguir penetrar tudo e todos. Olhar a beleza além do outro e fazê-la florescer. Ficar aberto e fazer de minha abertura uma chave para escancarar qualquer um.

Será que algum dia já recebemos amor? Como receber uma ação que nós mesmos temos de fazer? Amor é coisa que não se recebe. Quando uma mulher oferece amor para um homem, ele recebe carinho, cuidado, toque, mas não amor. Quando um homem ama uma mulher, ela pode sentir paixão, acolhimento, segurança, mas não amor. Amor é coisa que se dá.

Música é um bom exemplo: um baterista, ao fazer seus movimentos rítmicos, tem uma experiência totalmente diferente daquele que ouve o som produzido. Nenhum som equivale à experiência de produzi-lo; assim também com afeto, cuidado e carinho em relação ao amor.

massagem Sentir com o peito nossa potência de amar é muito mais gostoso do que sentir algo passivamente vindo do outro. Quando praticamos o amor, é como se fizéssemos e recebêssemos uma massagem. A um só tempo, sentir e ser sentido, tocar e ser tocado. Quando recebemos carinho, deixamos de sentir o prazer de acariciar. Por outro lado, quando acariciamos, uma mágica acontece: simultaneamente nosso toque é a interface pela qual o outro nos acaricia também.

No amor e pelo amor, passividade a atividade se tornam um único processo. É assim que podemos explicar a misteriosa dinâmica do amor: quando amamos, somos amados, e não o contrário! A sensação genuína de “ser amado” é simplesmente o efeito de sentir o amor, de ser amor, de amar.  E isso pode acontecer mesmo que o outro não nos ame ou sequer goste de nós!

Quando Sêneca diz “Si vis amaria, ama” (”Se quiser ser amado, ame”), ele não quer dizer que o outro vai amar você de volta, mas que a sensação de ser amado vem da ação de amar, não da reação ao amor do outro.

No entanto, a sensação de ser amado existe e pode facilmente ser desvinculada de seu processo criador. Um momento de sonolência e perdemos contato com nossa potência autônoma, um lapso e temos a nítida sensação de que o amor vem do outro – o mesmo amor que nós mesmos fizemos circular! Aqueles que ficam distraídos por muito tempo começam a achar que o amor só pode mesmo vir de fora e então passam a vida nessa busca.

Mas é possível acordar. A mulher de nossa história inicial deixou vazio o objeto de amor de seu ex-namorado. Com o fim, talvez ele perceba que, ainda sem destino ou recipiente algum (”O que eu faço com tudo isso que sinto? Onde jogo esse mundo inteiro aqui?”), seu amor persiste. A ausência de foco para seu sentimento é o que o levará à descoberta do amor que não cessa e sua capacidade de direcioná-lo para qualquer pessoa. Ele então andará pelo mundo fortalecendo sua potência de amar. Bastará um olhar para praticar o amor de acordo com o tecido da relação. Com um amigo, ele se manterá aberto, presente, verá qualidades positivas, encontrará beleza e se conectará com isso, agirá a partir disso. Com sua família, com seus parceiros de trabalho, com as futuras namoradas, a mesma prática.

Ela também pode percorrer o mesmo caminho. Após o fim, perceberá que seu novo parceiro nunca conseguirá preenchê-la totalmente. Pode tentar ficar sozinha por um tempo e ler vários livros de auto-ajuda americanos sobre self-love. Isso também será insuficiente. Ela não se contentará em depender de relacionamentos, da natureza ou das artes para sentir amor – nem tampouco encontrará satisfação em amar a si mesma. Então ela talvez experimente um abraço que não seja recebido, que se mantenha mesmo quando o outro momentaneamente solta. E quando isso acontecer, descobrirá que não é necessário achar outra pessoa para continuar se sentindo abraçada. Basta continuar abraçando…

* Dedico esse post ao casal Marina e Ian, como representantes de todos aqueles que buscam agir a partir da autonomia do amor.

** Escrito sob efeito dos seguintes albuns: The Beekeeper (Tori Amos), In Rainbows (Radiohead) e Into the Wild (trilha sonora do filme com músicas do Eddie Vedder).

*** Se chegou até aqui, saiba que eu adoraria ouvir você sobre esse tema. Esse lance de só oferecer e não receber é furado! Eu escrevi, agora quero comentários. Escreva aí… ;-)

Ver também:

Casar por amor é uma péssima idéia! – Parte 1

Casar por amor é uma péssima idéia! – Parte 2

Casar por amor é uma péssima idéia! – Parte 3

Seja você a pessoa certa

 

 
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