domingo, 18 de setembro de 2016

Doping no trabalho não é só no Dr. House: afecta cada vez mais portugueses

In “Sábado”:

O Dr. House automedicava-se na série de culto, mas também há quem o faça fora da ficção - e dentro do escritório, com consumos preocupantes. Um advogado de Lisboa, solteiro, de 27 anos, queria trabalhar mais e melhor, mas acabou nas urgências. Um consultor divorciado, de 44 anos, passou pelo mesmo em diversas ocasiões (a juntar a um quadro de paranóias e ataques de pânico). Ambos tomavam comprimidos para obterem níveis de desempenho extraordinários e ficarem 100% focados. A atenção induzida artificialmente permitia-lhes fazer directas sucessivas, sem praticamente sintomas de fadiga.


Estes fármacos, designados de psicotrópicos, têm como princípio activo o metilfenidato. São submetidos a um apertado controlo de venda nas farmácias e oficialmente prescritos para quem sofre de hiperactividade e défice de atenção. Nem o advogado, nem o consultor tinham este diagnóstico. Mas obtiveram os medicamentos por outras vias. No início, sentiam-se invencíveis, com super-poderes nas capacidades de trabalho. E depois? Depois, foi um pesadelo: mudanças de comportamento, arritmias, exaustão, curas de sono, etc.

 

Para o advogado, o episódio das urgências serviu de lição e foi um catalisador de mudança. A terminar um processo de psicoterapia, de um ano e nove meses, confessa à SÁBADO:"Diria que mais vale habituar-mo-nos às nossas capacidades humanas e tentar cuidar delas." À sociedade em geral deixa um aviso: "Tem de desacelerar, os empregadores têm de perceber que não é normal as pessoas trabalharam 12 a 18 horas por dia, as faculdades têm de olhar para os jovens à sua frente como adultos em desenvolvimento com necessidades variadas, como dormir e socializar. Ainda há muito a fazer." António também está a recuperar deste e de outros consumos, na clínica de desintoxicação Ran, em Vila Real.


A par dos casos-limite e dos pareceres de vários especialistas, a SÁBADO revela-lhe em primeira mão um estudo realizado pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED). Os números falam por si:

em 2003, a venda destes medicamentos ainda não era muito expressiva (2.597 embalagens);

em 2006 passou para 52.481;

em 2010 para 133.562;

e em 2015 atingiu 287.336. Um aumento de 547,5% na última década.

 

Leia toda a história na edição 646 da revista SÁBADO, de 15 de Setembro de 2016:

“Sobrecarga de trabalho, competição e stress para começar.

À fórmula tóxica junte-se um advogado de 27 anos, solteiro, com aspirações de carreira, obstinado pela performance e pouco flexível às críticas. O colapso antevê-se nas próximas linhas.

Os emails não paravam de cair na caixa de correio, as solicitações eram inúmeras e a equipa estava desfalcada devido à baixa de uma colega.

Era o momento do vale tudo para dar resposta aos pedidos, com prazos muito apertados, e João valia-se de um trunfo em formato de comprimido que lhe dava super poderes. Enveredou pela via rápida do doping.

A poção mágica, de reforço positivo no início, revelar-se-ia nociva para o recém maratonista de escritório. Consistia num fármaco, à base do princípio activo de metilfenidato, indicado para o tratamento da hiperactividade com défice de atenção (PHDA) e vendido mediante prescrição médica….”

Farmácias fiscalizadas e multas até €100mil”

“A atenção induzida artificialmente tem um lado oculto no mercado de trabalho – à margem da doença de PHDA –, sobre o qual, tanto médicos como farmacêuticos, psiquiatras e outros especialistas, consultados pela SÁBADO, manifestam alguma relutância em falar.

Os números oficiais, analisados num estudo comparativo da Autoridade Nacional do Medicamento (INFARMED) e que a SÁBADO revela em primeira mão, indicam um aumento exponencial no uso destes fármacos, cujos princípios activos são o metilfenidato (psicotrópico) e a atomoxetina (estimulante do sistema nervoso central).”

Ver também:

O que necessito saber a luta contra a DOPAGEM NO DESPORTO

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Como manter a calma quando sabemos que vamos stressar

In www.ted.com:

Quando estamos stressados, não estamos na nossa melhor forma. Na verdade, o cérebro evoluiu nos últimos milénios para produzir cortisol em situações de stress, impedindo o pensamento racional e lógico, mas ajudando-nos a sobreviver, digamos, ao ataque de um leão. O neurocientista Daniel Levitin acha que é possível evitar erros críticos em situações de stress, quando não conseguimos pensar direito — o "pre-mortem". "Todos vamos falhar, de vez em quando", diz ele. "A ideia é pensar mais além e identificar essas falhas antecipadamente."

 
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